No. 6... Até agora



O quarto resultado que me aparece no Google quando busco "No. 6" traz alguém comentando o anime; achou a "história legal" e "bem desenhado e tal", mas  está com medo. Sim. Um medo incrivelmente justificável e nobre. Transcrevamos: "tô com medo de ser yaoi".

Pausa dramática.



***

No. 6 é baseado numa série de (nove) livros, escrita por Atsuko Asano, e que, além de em seu país de origem, também foi publicada na França (aqui o primeiro volume na Amazon, apesar de estar temporariamente indisponível).  Sua adaptação para o mangá começou em março desse ano, na revista shoujo Aria. Já o anime se iniciou mês passado, a cargo do estúdio Bones, e terá onze episódios, cinco exibidos até o momento da escrita deste post.

Local: uma cidade aparentemente ideal, conhecida como Nº 6. Shion, doze anos, parece ter um futuro adorável à sua espera, sendo bem inteligente e coisa e tal, altas esperanças o rodeiam. Até o dia em que dá abrigo a um fugitivo da sua idade, que se identifica apenas como Nezumi (rato, literalmente). Ele vai embora após uma noite, mas é o bastante para Shion ser descoberto e ter seus privilégios de cidadão de elite revogados. Meio triste. QUATRO ANOS DEPOIS: trabalhando como supervisor dos robôs de coleta de lixo, Shion e seu colega se deparam com o corpo de um senhor que parecia ser bem, bem idoso. Do tipo duzentos anos. Do tipo não exatamente normal.

... No dia seguinte eles descobrem que o falecido só tinha trinta e um anos. A viúva é informada que a causa da morte foi um acidente, e Shion questiona se o governo está manipulando informação... e diante de seus olhos, seu colega de trabalho começa a envelhecer. E envelhecer. Até chegar ao estado de deterioração do homem que encontraram. Uma abelha sai do pescoço da nova víima. É. Uma abelha. Ou algo que lembra uma. Super abelha. Blablablá, agentes do governo aparecem, obviamente querem encobrir tudo e jogar a culpa em Shion, garoto que só se dá mal na vida, etc, etc, mas é quando está sendo levado que Nezumi aparece para salvá-lo. Eles saem dos limites da cidade e aí realmente começa NOSSA.GRANDE.HISTÓRIA.

***

Uma opinião comum sobre o anime é que não é sci-fi o suficiente. Distopia não é exatamente uma novidade. Se você gosta de ficção científica, já encontrou muitas sociedades sombrias, por vezes fixadas em um futuro indefinido, e que podem se esconder sob uma fachada de perfeição. O mundo de No. 6 — situado num hipotético ano de 2013 até agora não foi profundamente explicado, e não tenho grande certeza se será. Não é um tapa na cara do espectador, um "OLHA COMO O FUTURO PODE SER SE CONTINUARMOS AGINDO DE JEITO X E Y". No. 6 não é 1984. O que não quer dizer que seja ruim. Na verdade, se é para comparar com algum clássico do gênero, está mais para Fahrenheit 451, do Ray Bradbury.



O livro de 1953 tem como cenário um futuro em que livros foram proibidos. A prosa de Bradbury é delicada, meio poética, e dá destaque às relações entre o protagonista, Guy Montag (que tem como ocupação queimar os livros que restaram), e outros personagens importantes para sua, hm, virada emocional. O principal em No. 6 também está a nível humano — a ligação entre Shion e Nezumi.

A verdade é que o anime não me trouxe apenas entretenimento com sua própria trama, mas também com o que o cerca — o fandom. Pulando de resenha em resenha, comentário em comentário, havia (há? Apesar de que a cada episódio a coisa fica mais óbvia, mas enfim) a presença insistente de uma grandiosa preocupação: o que rola entre os dois caras é romântico? E as respostas variavam entre um simples não ligar até gente surtando em capslock dizendo que quem via algo além de uma ingênua amizade era porque tinha um oceano de maldade no coração, etc. (Afinal, imaginar um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo: perversão.)

Imagem provavelmente relacionada ao contexto


Seja o que for que há entre Shion e Nezumi, é bem fascinante — e  precisava ser, já que é o grande pilar da coisa toda. Shion é o garoto legal e cheio de boa vontade, enquanto Nezumi... Nezumi é bem perturbado. E em um comentário inútil, me lembra o Howl da versão do estúdio Ghibli de Castelo Animado. Em aparência e... bom,  se ele houvesse experimentado uma vida realmente horrível, acho que o resultado seria o Nezumi.

Ainda há Safu, melhor amiga de Shion, e que parecia estar na típica de posição da garota espirituosa que não aguenta a falta de atitude do amigo e tal, com direito a cenas Love-Hina-like com Shion a vendo nua por algum motivo e a coisa toda sempre terminando em um soco voador e zZzZz. MAS: não. Safu é bem legal, não só a pesonagem feminina jogada na história para ser odiada.

PARÁGRAFO EM QUE ENFIAMO DETALHES TÉCNICOS: os temas de abertura e encerramento são razoavelmente adoráveis (Rokutousei no Yori tendo ficado na minha cabeça por um longo tempo...! Gruda), mas as músicas de fundo durante os episódios poderiam ser melhores. A animação não tem nada de particularmente incrível ou mindblowing, mas faz seu papel.

***

Apesar de longe de perfeição ou genialidade, No. 6 tem me dado momentos adoráveis de entretenimento... Não, até agora não aconteceu muita coisa, e o ritmo lento pode irritar alguns, mas há algo que faz com que o anime se torne muito especial para mim. E para nossa querida Mimi, claro, que certamente trará um super post pós-último episódio.

7 comentários:

Julia disse...

hahaha post realmente bem escrito!

eu não sei o que pensar sobre esses dois , a amizade colorida deles é sim um dos elementos importante do anime,
me interessa realmente o mistério da cidade, que reamente parece estar sendo apresentado de forma muito lenta focando apenas nos dois

:)

maripeh disse...

Nossa, o que vi de gente surtando ou dropando o anime por causa das "suspeitas" acerca da relação Shion x Nezumi... O povo está avaliando o suposto relacionamento amoroso entre Shion e Nezumi como um ponto negativo do anime. Pode "fróid"? Não vejo nada mais que um bromance, colocado aí justamente para o delírio das fujoshis de plantão. ;)

Enfim, como a Júlia, espero que os mistérios por trás da NO.6 sejam explicados. Também torço para que a relação entre os protagonistas não seja supervalorizada a ponto da história ser deixada em segundo plano.

Nana Tiger disse...

Julia, valeu! :) E é, a coisa é beem lenta... aí lembro que é uma série com poucos episódios e fico meio preocupada de a coisa ter um final aberto demais...! MAS PENSAMENTO POSITIVO.

Mari, esses surtos ~másculos~ são até meio divertidos... SEM INTENÇÃO, haha. Ah, eu gosto da relação deles, se foi colocado só pra fanservice, acho que pelo menos tão fazendo bem, hih!

maripeh disse...

A dupla de "NO.6" está causando mais polêmica no fandom do que o casal gay da "Insensato Coração" entre os noveleiros. Já vi até gente perguntando se eles vão morrer no final... XD Oh, ver o povo soltando farpas nos fóruns da vida é realmente divertido...

Falando em fanservice, já assistiu Nabari no Ou?

maripeh disse...

* Só para constar, aqui é a Mari que trocou de nick. rs

Nana Tiger disse...

SIM! Haha, ok, me sinto meio mal (... SÓ UM POUQUINHO) me divertindo com essas discussões malucas, masss o que posso fazer? (... virar uma pessoa melhor? UMA OPÇÃO DISTANTE.)

Hm, não, nunca vi Nabari no Ou! É legal?

maripeh disse...

Imagine um anime sobre ninjas, com muitos garotos bonitinhos em relações "suspeitas". É Nabari no Ou. Se bem que eu te recomendaria o mangá em primeiro lugar. O anime deixa muita coisa mal explicada e não aprofunda as personagens, mas é até legalzinho. Vale pela dupla Miharu e Yoite. Mas tanto o mangá quanto o anime dividem opiniões: tem gente que ama, tem gente que detesta. rs

Postar um comentário