Otomen - altamente ridículo e incrivelmente apreciável

Otomen é uma série de 2009. Otomen pode ser classificada como uma comédia romântica. Otomen tem doze episódios. Otomen é baseado no mangá de mesmo nome, da Aya Kanno, que começou a ser publicado em 2006 e ainda não chegou ao fim.

Otomen não pode ser explicado em dados técnicos.  Otomen é 100% idiota.  Otomen é maravilhoso.

Ao enredo! 

(E aqui faço um adendo de que ainda não li o mangá, então comparações entre os dois meios estão impossibilitadas)

Asuka (é um cara) gosta de Ryo (é uma garota). Asuka parece se encaixar no estereótipo de homem perfeito, exalando masculinidade e zZzZz, mas na verdade guarda um GRANDE SE.GRE.DO: ele gosta de ursinhos de pelúcia! E de costurar! E de shoujo! OH! Tais coisas não podem ser reveladas,devido a um acontecimento na sua infância, que prefiro ocultar aqui porque é meio ridículo... em excesso (envolve uma cena no hospital e uma mãe falando "NÃO SEJA COMO SEU PAI"). Ryo, por outro lado, está longe de ser uma mocinha prendada. No meio disso temos Tachibana, colega dos dois e que guarda um GRANDE SE.GRE.DO (... déjà vu): ele é o autor do adorável e pop mangá Love Chick, que é bem inspirado em Asuka e Ryo. É. E aqui temos nossa história. Pode não ser genial. Mas é uma história.

Enquanto via Otomen, também estava lendo um livro de contos do Machado de Assis chamado Histórias sem Data. O último é o As Academias de Sião e logo no início temos a frase "por que é que há homens femininos e mulheres másculas?". Há o jovem rei, Kalaphangko, que é "virtualmente uma dama", com "olhos doces" e "atitudes moles". E Kinnara, moça cuja descrição é  "búfalo com penas de cisne". Os dois trocam de corpos. É bem legal. E louco. E fiquei total "caramba!" porque depois de ler todos aqueles seus pacíficos romances (em que "pacíficos" pode até querer dizer traições - ou não! -, mas ainda assim longe de sangue ou... gente trocando de corpo) é meio chocante. De um jeito bom. Mas o quero dizer: uma super coincidência  (... tirando a troca de corpo. Já falei sobre a troca de corpo? Enfim, não tem troca de corpo em Otomen) estava rolando, uma ligação entre Machadinho e um dorama! Se não é o destino, o que poderia ser?

(Várias coisas.)

Ajudar sua amada na cozinha ou conservar sua imagem máscula? Dramática questão.

Mas o quero dizer (de verdade) é que a coisa toda de feminino e masculino é, em muitosmuitosmuitos casos, uma vaga ilusão, vaga ilusão que a gente ainda gosta de perpetuar e se agarrar a ela e usá-la como justificativa pra tudo. Caras não têm inteligência emocional. Garotas são emocionais demais! Etc. Felizmente, Otomen não se leva a sério, e vamos a alguns pontos total super positivos:

• Ryo Miyakozuka! Ela é supostamente o oposto de Asuka, o que em muitas outras histórias seria garantia de uma típica tsundere, com direito a socos e gritos irritantes. Mas Ryo é uma garota bacaninha e campeã, sem necessidade de encher o saco de seu interesse amoroso porque ~~não sabe demonstrar afeto~~, etc.
• A DINÂMICA DO CASAL. Como provavelmente notado no item acima, esse negócio de somos-opostos-e-brigamos-mas-nos-amamos-hihihi não é bem meu clichê favorito de todos os tempos... E Otomen escapa dele! Ryo e Asuka são amigos desde o início e rendem um monte de cenas fofinhas-awnnn.
• TACHIBANA! O gênio do shoujo, sempre ligado na interação de seus dois amiguinhos - o perfeito material para sua obra-prima!

E agora a pior coisa:

Cenas na sala de aula. Cenas na sala de aula. CENAS.NA.SALA.DE.AULA. Com direito a um humor pior do que você vê nas CENA NA SALA DE AULA em Malhação. Juro. Ok, a série toda é bem boba e com aquelas atuações exageradas, mas esses momentos são os únicos que realmente achei... não muito divertidos.

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O mangá de Otomen é publicado aqui pela Panini, com o... interessante... subtítulo "Um Doce de Garoto". Você pode comprar na Liga HQ ou na Comix (mas eles não têm a primeira edição em estoque, por algum motivo triste). Também está sendo publicado nos Estados Unidos - vira e mexe aparece na lista dos mangás shoujo mais vendidos de lá -, aproveite que no site da Cultura tem alguns números (incluindo o primeiro, yay!). Ah, e claro, sempre tem o Book Depository.